Abertura da 43ª Semana Médica trata sobre tendências e perfil de futuros médicos
Aconteceu ontem, dia 1 de outubro, no anfiteatro da Unidade Central da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), a abertura da 43ª Semana Médica do curso de Medicina da Univás. Neste ano, o evento conta com o apoio da Casa São Rafael, entidade que ampara pessoas portadoras de câncer.
A mesa solene foi composta pelo magnífico reitor da Univás, professor Félix Carlos Ocáriz Bazzano; pela diretora acadêmica da Unidade Central, professora Jussara Vono Toniolo; pelo coordenador do curso de Medicina, professor Antônio Carlos de Aguiar Brandão; pelo pró-reitor de Extensão, professor Carlos de Barros Laraia; pelo coordenador de Extensão e Assuntos Comunitários, professor Antônio Homero Rocha de Toledo; pelo presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) e palestrante da noite, João Batista Gomes Soares e pelo Delegado Regional do CRM em Pouso Alegre, professor Mário Benedito Costa Magalhães.
Participaram das atividades docentes, discentes e convidados que assistiram à palestra "As novas faculdades de Medicina e o mercado de trabalho para os médicos recém-formados", proferida pelo anestesiologista e pediatra João Batista Soares.
O médico iniciou sua apresentação mostrando a proporção do número de habitantes por médico no Brasil e em Pouso Alegre, esses números são de 1/488 e 1/259, respectivamente. Isso porque em cidades sede de cursos de medicina a proporção tende a ser maior. Mesmo assim, Minas Gerais tem a menor concentração de médicos em hospitais da região sudeste do país.
A proposta do governo é conseguir chegar ao número de um médico para cada 400 habitantes, o que exigiria a formação de 20 mil médicos por ano, no entanto, já se formam mais de 18 mil anualmente.
O Estado de Minas Gerais possui hoje 35 escolas de medicina e forma 3.132 médicos por ano, mas oferece apenas 1.400 vagas de residência médica, uma realidade de todo território nacional que preocupa, pois facilita a oferta de mão de obra despreparada e barata. Do total de escolas, apenas 12 são públicas e, somente elas, formam 1.186 médicos por ano. No Brasil, o número de escolas médicas é de 201 e essa quantidade cresce numa constância.
Um dos grandes problemas enfrentados pela educação médica é que faculdades de medicina têm sido abertas em todo o país sem estrutura. Na opinião do palestrante, por exemplo, não há como existir uma faculdade de medicina de qualidade sem um hospital-escola.
No contexto atual, o médico cada dia mais tem que buscar qualificação e aprimorar o respeito na relação médico/paciente. O serviço médico não é um produto disponível ao consumidor e não pode ser comparado a essa dinâmica. Citando o Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL) ele diz: "para fazer saúde com o SUS tem que fazer milagre e acho que fazem isso aqui no hospital", essa fala se sustenta no fato de o Serviço Único de Saúde (SUS) ter baixo investimento e pagar valores muito baixos a profissionais e estabelecimentos.
Segundo a pesquisa Datafolha, os maiores problemas enfrentados pelos médicos do Estado de São Paulo são a carga horária excessiva, com média de 52h de trabalho por semana, a pressão dos planos de saúde, as condições precárias de trabalho e os diversos vínculos empregatícios, já que 58% dos médicos do Estado possuem 3 ou mais empregos.
Falando da qualidade do profissional da medicina, é de comum acordo que uma residência é importantíssima para o bom desempenho da profissão, no entanto o título de especialista dos médicos tem que ser registrado no CRM para ter validade. O número de registros vem caindo a cada ano, mais um fator de preocupação: em 2009 foram 2.827 registros; em 2010 3.804; em 2011 1.835 e de janeiro a setembro de 2012 somente 1.605.
A formação de professores e lideranças na área médica é demorada e essencial, portanto o processo tem que ser iniciado já nos primeiros anos após a formatura, e um bom caminho é a residência.
Hoje, com a tecnologia e os meios de comunicação mais acessíveis, o papel do médico vem sendo confundido. Assim, pacientes e os próprios médicos muitas vezes acreditam em um diagnóstico sem exame clínico, mas João Batista lembra que os aparelhos para realização de exames são apenas uma complementação do diagnóstico, não são a solução dos problemas e adverte: "não dê mais importância ao computador do que ao seu paciente".
Ele finaliza sua palestra colocando que as metas para o futuro são a manutenção dos direitos, a evolução das relações, a sobrevivência com a profissão, e a luta pelas bandeiras éticas que são de suma importância, principalmente com a evolução da medicina no século XXI, que passa então pela medicina genômica; medicina reparativa; novas vacinas; novas técnicas diagnósticas; reprodução humana e uso do computador.
Hoje, dia 2 de outubro, às 19h, o tema "Câncer de Pulmão: Da epidemiologia ao diagnóstico" será abordado em palestra proferida pela pneumologista Ilka Lopes Santoro, supervisora da Residência Médica em Pneumologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Em seguida, o chefe do departamento de Ginecologia da Unifesp, médico ginecologista Afonso Celso Pinto Nazário, abordará a "Importância, fatores de risco e detecção precoce do câncer de mama".
Por Izabella Campos Ocáriz Ascom/Fuvs
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