| Notícia da Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí
Data 11/03/2015 13:30:00
"A Humanização e a Doação de Órgãos"

"Eu vim para servir" (cf. Mc 10,45)

Na visita às dependências do Hospital Regional Samuel Libânio, a humanização foi um tema que norteou toda a conversa com pessoas responsáveis por sua condução, conforme relatamos em artigo anterior.

O efeito de humanizar, de tornar humano ou tornar afável uma instituição de tamanha grandeza que é o Hospital Regional leva tempo e implica uma mudança positiva de mentalidade dos indivíduos que por lá trabalham, de mudanças estruturais que já estão acontecendo e nossa de católicos, assumindo posturas eficazes, conscientes de que também podemos fazer parte desta história.

Querendo viver a Quaresma com o espírito da Campanha da Fraternidade e ajudar na humanização do Hospital Regional somos chamados a ajudar o Hospital, que já está vivenciando a humanização, por meio da doação de órgãos. Vamos neste tempo quaresmal entrar nesta dinâmica de ajudar outras pessoas que são presentes de Deus em nossas vidas.

O magistério da Igreja tem se manifestado favorável à doação voluntária de órgãos. O Catecismo da Igreja Católica afirma: "a doação gratuita de órgãos após a morte é legitima e pode ser meritória" (n. 2301). A encíclica Evangelium Vitae ensina: "merece particular apreço a doação de órgãos feita segundo normas eticamente aceitáveis para oferecer possibilidades de saúde e de vida a doentes, por vezes já sem esperança" (n. 86). O Santo João Paulo II por ocasião do 18º Congresso Internacional sobre Transplantes de Órgãos dizia: "a doação de órgãos é uma decisão livre de oferecer, sem recompensa, uma parte do próprio corpo em benefício da saúde e do bem-estar de outra pessoa" (Roma, 29 de agosto de 2000).

Neste mesmo Congresso, diante de quase cinco mil pessoas, o Papa João Paulo II não deixou de acentuar que se tratava de "uma complexa e delicada temática", mas ao mesmo tempo lembrou que "os transplantes são grande conquista da ciência a serviço do ser humano e, em nossos dias, não são poucos aqueles que devem a própria vida ao transplante de um órgão. Portanto, a técnica dos transplantes revela-se cada vez mais como um instrumento precioso na consecução da finalidade primária de toda a medicina: o serviço à vida humana".

E no ano de 2008, os bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil falaram sobre a relevância da doação de órgãos, dado o grande número de pessoas que estão à espera de algum tipo de órgão: "manifestamos nossa solidariedade para com milhares de pessoas que estão em lista de espera, na expectativa de receber algum órgão para sua sobrevivência, recuperação e saúde. Encorajamos as pessoas e especialmente as famílias a que - livre, conscientemente e com a devida proteção legal - doem órgãos como gesto de amor solidário em consonância com o evangelho da vida. Certamente estamos diante de um gesto nobre e comovente: um sim à vida. Aproveitemos a ocasião também para recordar que a moral católica considera licita não apenas a doação voluntaria de órgãos, bem como os transplantes. Encorajamos a todos a colaborarem sempre mais com as doações de sangue e de medula óssea, tão necessárias".

Vamos fazer esta experiência e procurar o Hospital Regional de Pouso Alegre.

* Cônego Edson Oriolo é pároco e cura da Catedral Metropolitana de Pouso Alegre



Cônego Edson Oriolo é pároco e cura da Catedral Metropolitana de Pouso Alegre