| Notícia do Hospital das Clínicas Samuel Libânio
Data 11/11/2016 10:30:01
Univás debate a Defesa do SUS com presença do deputado federal Odorico Monteiro

Convidados, acadêmicos e professores lotaram o Salão de Eventos da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), na noite desta quinta-feira, dia 11 de novembro, para debater o tema "Bioética e a Defesa do SUS: Compromisso com a saúde e com a luta contra a desigualdade". Entre os convidados especiais estavam o prefeito eleito de Pouso Alegre, Rafael Simões, e o deputado federal Odorico Monteiro. "Esse é um momento muito importante e toda sociedade deve discutir as políticas sociais. Agora, estamos discutindo, lá no Congresso, um conjunto de medidas que podem retirar direitos ou congelar o acesso da população por vinte anos. Então, uma criança que está nascendo hoje pode ter o seu acesso congelado a creche, a um parto decente, à universidade, ou seja, nós podemos congelar oportunidades da juventude na educação e saúde de qualidade. Quando você congela os recursos por vinte anos, você não congela as pesquisas, a incorporação de novas tecnologias e a descoberta de novas doenças. Por isso é fundamental que as instituições acadêmicas, principalmente essa, que tem um curso de Bioética, abra esse debate que nada mais é que um espaço de reflexão para analisar a realidade social do país", avaliou o deputado Odorico PROS (CE) e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS).

Um dos debatedores do evento foi o presidente da Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí (Fuvs), professor Luiz Roberto Martins Rocha disse que é imprescindível a discussão sobre o Sistema de Saúde do povo brasileiro que é o SUS. "O SUS tem hoje diversas alternativas e nos encontramos numa encruzilhada. Por isso, estamos trazendo esses debatedores para tratar essa questão com seriedade e profissionalismo, sem paixões partidárias, para conhecer e compreender quais são os futuros da saúde dessa nação. Esse debate marca a posição da Univás diante desse assunto tão atual e polêmico", disse Luiz Roberto, que é professor do Mestrado em Bioética e do curso de Medicina da Univás e possui doutorado na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP).

A pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Andrea Domingues, fez a abertura do evento e agradeceu a todos pela presença. "Esse debate faz com que possamos repensar, juntamente com a academia, o nosso querido Hospital Samuel Libânio. O compromisso da Fuvs é fazer com que a educação e a saúde estejam sempre juntas. Discutir problemas atuais da sociedade e buscar alternativas é fundamental nesse momento e a Univás caminha nesse sentido", ressaltou.

O prefeito eleito Rafael Simões parabenizou a iniciativa da Univás em debater um assunto tão importante para a saúde do município. "Esse tema trata de uma área vital para todos os cidadãos e temos realmente que discutir o SUS, que é um sistema que está em pré-falência, numa situação muito difícil. Por exemplo, faz dez anos que a tabela não se altera e nos últimos tempos estamos vendo a judicialização da saúde. Toda hora vemos ações judiciais obrigando ao SUS a fazer procedimentos que não estão catalogados, procedimentos caros. Por consequência, o dinheiro diminui cada dia mais e o colapso chegando na área de saúde pública. Nesse momento, temos essa oportunidade de debater essas dificuldades, principalmente, em face da PEC 241, que restringe os gastos da União", afirmou.

Outro debatedor foi o professor do Mestrado em Bioética da Univás, Rafael Lazzarotto Simioni. Ele é professor da Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM) e possui pós-doutorado na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. "Toda a possibilidade de se pensar na redução do acesso ao SUS, que tem uma garantia história de Estado, preocupa a nós todos. Então, esse debate propicia o diálogo em busca de alternativas e como devemos nos posicionar diante dessa questão. Nesse momento, não temos condições de ter certeza, de saber se é correta ou não a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 241). O que tenho certeza é que devemos ter um debate maior com a sociedade antes da aprovação de uma PEC tão impactante e de tão grande prazo", avalia.

Segundo reitor da Univás, Carlos de Barros Laraia, a Bioética de qualquer mestrado tem como bandeira a defesa e preservação do SUS. "Eu fiz mestrado em Bioética e tive como professor, Nelson Rodrigues dos Santos, da Unicamp, que foi um dos criadores do SUS. Não tinha um dia que ele não lamentasse o descaso dos governos para as verbas para o SUS. Neste momento, minha opinião, que mesmo com a aprovação da PEC 241, a saúde vai ser preservada e a educação também. O que precisamos, realmente, é de medidas que resgatem a confiança dos investidores no Brasil. Se nada for feito só temos um caminho que é o fundo do poço", defendeu sua opinião.

O mediador da Mesa Redonda será Marcos Mesquita Filho, professor do Mestrado em Bioética e do curso de Medicina da Univás. "O SUS, que foi implantado há quase 30 anos, é uma das maiores conquistas do povo brasileiro, um dos maiores programas cidadãos da Constituição de 1988.Hoje, estamos sob séria ameaça com essa possibilidade de congelamento do financiamento do SUS. Isso pode trazer consequências desastrosas e inviabilizar totalmente o SUS", defendeu. Mesquita possui doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e foi secretário municipal de Saúde. A organização do evento foi feita pelo Núcleo de Pesquisas em Bioética (NUPEBI) do Mestrado em Bioética da Univás.